As Terras Indígenas da Bahia enfrentam uma série de desafios significativos, conforme revelam os dados do Censo Demográfico 2022. Os números são alarmantes e refletem a situação crítica de saneamento básico e alfabetização, destacando a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes e integradas.
Saneamento Básico: Um Direito Negado
Um dos dados mais preocupantes é que 24,8% dos domicílios nas Terras Indígenas baianas não têm acesso adequado simultâneo aos três serviços essenciais de saneamento básico: abastecimento de água, coleta de esgoto e destinação final de lixo. Essa proporção é quase quatro vezes maior do que a verificada na população em geral da Bahia (6,4%) e mais de quatro vezes a média entre todos os indígenas do estado (5,5%).
Em relação ao esgoto, 48,6% dos indígenas nas Terras Indígenas utilizam fossas rudimentares ou buracos como destino final, uma taxa que cresceu significativamente desde 2010 (quando era 37,7%). Esses dados evidenciam a precariedade das condições de vida e a falta de infraestrutura adequada, resultando em sérios riscos à saúde.
A Questão do Lixo
No que diz respeito à destinação do lixo, a situação é igualmente alarmante: 48,9% dos indígenas queimam o lixo em suas propriedades, mais que o dobro da população baiana em geral (15,5%). Este método, além de prejudicial ao meio ambiente, coloca em risco a saúde da comunidade, refletindo a falta de serviços de coleta adequados.
Acesso à Água Potável
Outro aspecto crítico é o acesso à água potável. Apenas 37,8% dos indígenas nas Terras Indígenas têm abastecimento de água pela rede geral, um número inferior ao observado na população em geral (82,7%). Em 2010, essa porcentagem era de 52%, evidenciando um retrocesso preocupante nos últimos anos.
Analfabetismo: Uma Realidade Alarmante
Além das questões de saneamento, o Censo 2022 também destacou a alarmante taxa de analfabetismo entre a população indígena nas Terras Indígenas baianas. Em 2022, 18,2% dos indígenas com 15 anos ou mais não sabiam ler ou escrever, o que representa um aumento em relação a 2010 (26,0%). Essa taxa é significativamente superior à média estadual (12,6%).
Os municípios com os maiores números de indígenas não alfabetizados incluem Porto Seguro (1.953), Ilhéus (1.506) e Eunápolis (1.206), que mostram a gravidade da situação.
A situação é ainda mais grave entre os idosos: 72,4% dos indígenas de 65 anos ou mais não são alfabetizados nas Terras Indígenas, um número que indica a necessidade de investimentos em educação e programas de alfabetização voltados para essa população.
Desigualdade e a Necessidade de Ação
Os dados revelam não apenas uma realidade de precariedade, mas também a necessidade urgente de ações concretas para enfrentar essas desigualdades. Municípios como Porto Seguro, Ilhéus, e Eunápolis precisam de intervenções imediatas para garantir acesso a serviços essenciais e promover a inclusão educacional.
Considerações Finais
Os dados do Censo 2022 são um chamado à ação para a sociedade e para o governo. É fundamental que as vozes indígenas sejam ouvidas e que sejam implementadas soluções que atendam às necessidades reais dessas comunidades. O acesso a saneamento básico e a educação é um direito humano fundamental e deve ser garantido a todos, sem exceção. Para mais informações e detalhes, você pode acessar o site do Censo 2022 aqui.
O futuro das Terras Indígenas baianas depende da mobilização de todos nós.
Informações: Mariana Viveiros Seção de Disseminação de Informações Superintendência Estadual do IBGE na Bahia