O anúncio de um pacote de corte de gastos de R$ 70 bilhões pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quarta-feira (27), foi recebido com otimismo inicial pelo mercado financeiro, mas levantou questionamentos quanto à sua efetividade para o ajuste fiscal necessário. Especialistas apontam que o montante não é suficiente para garantir a redução da dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e criticam a renúncia fiscal proposta pelo governo.
Entre as medidas apresentadas, destaca-se a isenção do Imposto de Renda (IR) para salários de até R$ 5 mil, que precisa de aprovação do Congresso Nacional. A mudança representaria uma significativa perda de receitas para o governo, o que contrasta com a meta fiscal de déficit zero estabelecida para 2024 e 2025 — condição fundamental para conter o aumento da dívida pública.
Para equilibrar as contas, o governo propôs compensar as perdas com um aumento da tributação sobre contribuintes que ganham acima de R$ 50 mil por mês. No entanto, especialistas alertam que a combinação de corte de gastos e renúncia fiscal pode gerar um impacto limitado, deixando dúvidas sobre a viabilidade do ajuste e os efeitos na confiança do mercado.
O pacote de Haddad, embora visto como um passo na direção certa, enfrenta o desafio de conciliar o compromisso com a responsabilidade fiscal e a necessidade de medidas que não ampliem a desigualdade econômica. O debate agora se desloca para o Congresso, onde o impacto das mudanças será minuciosamente avaliado.