A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a execução de todas as emendas impositivas do Orçamento da União, gerou uma reação imediata e enérgica da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e de 11 partidos políticos. Entre os pontos mais polêmicos, está a suspensão das chamadas emendas “Pix”, que têm sido alvo de críticas por sua falta de transparência e fiscalização. Dino alegou que as emendas não garantem os requisitos de rastreabilidade e eficiência na aplicação dos recursos públicos.
Esse movimento surpreendeu o Congresso, que se viu obrigado a reagir com rapidez.
Lideranças parlamentares como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mobilizaram um recurso para suspender a decisão de Dino, alegando que ela desconsidera o contexto das emendas, que existem há quase uma década e foram aprovadas por múltiplas legislaturas.
A suspensão das emendas, especialmente as de comissão e individuais, levantou questionamentos sobre a separação dos poderes. Parlamentares consideram que a decisão monocrática de Dino representa uma interferência indevida do Judiciário nas prerrogativas do Legislativo, paralisa políticas públicas essenciais e afeta diretamente a economia e a gestão de estados e municípios.
Outro ponto de tensão é o fato de que Dino foi indicado ao STF pelo presidente Lula, o que gerou especulações sobre uma possível aliança entre o Executivo e o Judiciário para reduzir o poder do Congresso sobre o Orçamento. A medida é vista por muitos como uma tentativa de enfraquecer a autonomia parlamentar no controle de verbas federais, ainda mais em um momento em que o Congresso já enfrentava desafios relacionados ao fim do orçamento secreto.
Os líderes partidários afirmam que a suspensão das emendas prejudica áreas essenciais, como saúde e educação, além de violar a autonomia do Legislativo. Eles também destacam que as emendas impositivas representam um pilar importante para garantir que os parlamentares possam direcionar recursos às suas bases eleitorais. Agora, o Congresso busca um acordo para criar novas regras de transparência que atendam às exigências do STF, sem comprometer o controle político sobre os recursos. A disputa envolve, assim, um delicado equilíbrio entre os três poderes e a administração dos recursos públicos.