
A diferença salarial entre homens e mulheres diminuiu 1,19% na Bahia, segundo o 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Governo Federal. O levantamento analisou 2.102 estabelecimentos no estado e mostrou que, embora o avanço seja tímido, ele contraria a tendência nacional, onde a disparidade aumentou 0,18% desde a última pesquisa, em setembro de 2024.
Atualmente, mulheres baianas ganham em média R$ 2.739,76, enquanto os homens recebem R$ 3.361,14, o que representa uma defasagem de 18,49%. Em 2024, a diferença era maior: 19,68%.
Diferença é maior quando se cruza gênero e raça
A desigualdade é ainda mais intensa quando se considera o fator racial. No estado, mulheres negras recebem, em média, R$ 2.564,27, enquanto mulheres não negras ganham R$ 3.533,30 – uma diferença de 27,4%.
Em nível nacional, a discrepância é mais alarmante: mulheres negras ganham 38% menos do que as não negras. A média salarial nacional das mulheres é de R$ 3.202,90, contra R$ 4.760,38 dos homens.
Mulheres negras avançam em presença, mas seguem ganhando menos
Um dado positivo é o crescimento de 18,2% na participação das mulheres negras no mercado de trabalho: de 3,2 milhões em 2023 para 3,8 milhões em 2024. Também houve aumento no número de empresas em que a diferença salarial entre homens e mulheres é inferior a 5%, o que indica algum avanço no combate à desigualdade.
Desigualdade por função: gerentes e profissionais de nível superior ainda ganham bem menos
O relatório mostra que:
- Diretoras e gerentes recebem apenas 73,2% do salário dos homens nessas funções.
- Mulheres com nível superior ganham 68,5% do que os colegas homens.
- Nos serviços administrativos, elas recebem 79,8% dos salários masculinos.
Mesmo em funções iguais, a desigualdade persiste e evidencia que a qualificação por si só não corrige o desequilíbrio salarial entre gêneros.
Bahia está melhor que a média, mas longe do ideal
No ranking dos estados, a Bahia tem um desempenho intermediário. As menores desigualdades salariais foram registradas em Pernambuco (9,14%), Acre (9,86%) e Distrito Federal (9,97%). Já os piores índices estão no Paraná (28,54%), Espírito Santo (28,53%) e Santa Catarina (27,96%).
Governo lança Guia e Movimento pela Igualdade no Trabalho
Durante a apresentação do relatório, o Governo Federal lançou duas iniciativas:
- Guia para Negociação Coletiva da Lei de Igualdade Salarial, que traz orientações para empresas e sindicatos.
- Movimento pela Igualdade no Trabalho, com adesão de empresas e entidades, para combater desigualdades no ambiente profissional.
Lei exige transparência em empresas com mais de 100 funcionários
O relatório está previsto na Lei nº 14.611/2023, que determina que empresas com mais de 100 empregados devem adotar medidas para garantir igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres. A norma prevê ainda:
- Divulgação de relatórios salariais
- Combate à discriminação
- Criação de canais de denúncia
- Programas de diversidade e inclusão
- Apoio à capacitação feminina
Plano Nacional de Igualdade até 2027
A Portaria Conjunta publicada em abril de 2025 instituiu o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, com metas até 2027. O comitê gestor envolve 11 ministérios e prevê ações para ampliar a presença das mulheres no mercado, garantir acesso a cargos de liderança e enfrentar discriminações.