O ex-coach e empresário Pablo Marçal, terceiro colocado na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2020, está em negociações avançadas para se filiar ao União Brasil, mirando a candidatura à Presidência da República em 2026. Caso a filiação se concretize, Marçal poderá se tornar um dos principais rivais do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que também planeja concorrer ao Palácio do Planalto.
Em entrevista ao Estadão, Marçal confirmou as conversas com o União Brasil e com o presidente da sigla, Antonio Rueda, embora ambos evitem confirmar qualquer aliança formal. Um aliado de Marçal, no entanto, afirmou que a filiação deve acontecer até o primeiro semestre de 2025.
Marçal, que enfrentou diversos processos eleitorais após sua campanha à prefeitura de São Paulo, incluindo ações que podem resultar em inelegibilidade, se tornou uma figura de interesse para o União Brasil. Apesar dos desafios legais, ele tem se mostrado disposto a seguir na política, agora com foco nas eleições presidenciais de 2026. Rueda, por sua vez, não confirmou Marçal como candidato à presidência, mas afirmou que, para isso, o ex-coach precisaria se filiar primeiro à legenda.
O governador Caiado, também do União Brasil e potencial candidato à presidência, demonstrou boa vontade com Marçal, mas deixou claro que seria ele o nome da sigla para o Planalto. Caiado, que é natural de Goiás como Marçal, elogiou o ex-coach pela atuação nas eleições paulistas e afirmou que “cada eleição é uma eleição” e que “não existe uma regra única”, reforçando o papel importante que Marçal desempenhou na democracia.
Conflitos com Bolsonaro e as pesquisas eleitorais
Ambos, Marçal e Caiado, compartilham um histórico de divergências com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que os coloca em uma posição de oposição ao PL. Caiado teve um embate indireto com Bolsonaro durante as eleições municipais de 2020, quando apoiou a candidatura de Sandro Mabel (União Brasil) à Prefeitura de Goiânia, em oposição ao candidato bolsonarista Fred Rodrigues (PL). Marçal, por sua vez, também teve uma relação conturbada com Bolsonaro, chegando a exigir que o ex-presidente devolvesse recursos de uma doação eleitoral de 2022 e pedindo desculpas publicamente, o que não ocorreu. Recentemente, Marçal publicou um vídeo criticando o ex-presidente, onde lhe pediu para “cuidar da vida”.
No campo das pesquisas, Marçal tem demonstrado uma performance considerável. Em um levantamento da Genial/Quaest de outubro de 2024, ele alcançou 18% das intenções de voto para a presidência, tecnicamente empatado com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (15%), e atrás apenas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apareceu com 32%. O nome de Caiado não foi incluído na pesquisa, mas aliados de Marçal dentro do União Brasil afirmam que, caso ele se filie à sigla, seria natural que fosse escolhido como candidato à presidência, dado seu desempenho nas pesquisas.
Tensões no PRTB e a aproximação com o União Brasil
A aproximação de Marçal com o União Brasil não é de hoje. Já no período de pré-campanha para a Prefeitura de São Paulo, Marçal iniciou conversas com a legenda, apesar de estar filiado ao PRTB. Durante aquele período, Marçal acusou o União Brasil de querer “sua alma” em troca de apoio eleitoral. Embora as negociações com o partido de Luciano Bivar tenham avançado, a escolha do União Brasil por Ricardo Nunes (MDB) para a eleição de São Paulo em 2020 deixou Marçal em busca de novos aliados.
Marçal terminou o primeiro turno da eleição municipal com 28,14% dos votos válidos, ficando em terceiro, atrás de Guilherme Boulos (PSOL) e do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que receberam, respectivamente, 29,07% e 29,48%. Esse desempenho, embora insuficiente para levar o empresário ao segundo turno, ajudou a consolidá-lo como uma figura importante na política paulista e a atrair a atenção de partidos como o União Brasil.
Caminhos futuros e desafios
Pablo Marçal segue sua trajetória política com a mira em 2026, e, apesar dos processos jurídicos que ainda pairam sobre ele, sua popularidade nas pesquisas e as conversas com o União Brasil indicam que ele pode se tornar um nome de peso na disputa presidencial. Porém, a presença de Marçal em um partido com figuras fortes como Caiado pode gerar tensões internas, já que ambos têm ambições semelhantes para o futuro político do país.
Enquanto isso, o cenário político para 2026 continua em construção, e o União Brasil, que já tem uma pré-candidatura de Caiado, pode se ver diante de um dilema se Marçal conseguir consolidar sua filiação e, eventualmente, tornar-se o nome da sigla ao Planalto.
Fonte: O Estadão