Nesta quarta-feira (08/01), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de eventos marcando os dois anos dos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A data foi comemorada com um ato símbolo pela democracia e a devolução de 21 obras restauradas ao acervo da Presidência da República.
Entre as peças devolvidas, destacam-se o quadro Mulatas , de Emiliano Di Cavalcanti, e o relógio histórico do século XVII fabricado por Balthazar Martinot e André Boulle, que pertenceu a Dom João VI. As obras restauradas foram danificadas durante os ataques e simbolizam a recuperação do patrimônio histórico e cultural do Brasil.
Restauração e memória
A restauração de 20 peças foi possível graças a uma parceria entre a Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Um laboratório foi montado no Palácio da Alvorada, onde 50 profissionais trabalharam por mais de 1.760 horas para recuperar as obras.
Segundo Leandro Grass, presidente do Iphan, o trabalho vai além da restauração:
“Estamos cuidando de símbolos que representam a cultura e a memória do Brasil. Recuperar essas peças e devolvê-las à população é reafirmar nosso compromisso com o patrimônio de todos.”
Um dos destaques é o quadro Mulatas , de Emiliano Di Cavalcanti, que sofreu sete perfurações durante os ataques. Após o restauro, a obra recuperou sua integridade visual, mas as marcas do verso foram mantidas como “cicatrizes”. Grass destacou a importância desse gesto:
“Essas marcas preservadas no verso contam uma história que precisa ser lembrada, para que não se repita. Elas são memórias de um passado que feriu nossa democracia.”
Tecnologia e desafios
Outra obra emblemática é uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada , que foi restaurada a partir de 180 fragmentos . A coordenadora Andréa Bachettini descreveu o processo como uma “quebra-cabeça” que técnicas técnicas avançadas, como modelagem por computador e moldes de silicone.
O restaurante do relógio histórico de Balthazar Martinot e André Boulle foi contado com o apoio da Suíça, por meio da tradicional relojoaria Audemars Piguet. Em menos de um ano, mais de mil horas de trabalho foram dedicadas à recuperação de artefatos, danificados durante os ataques. Pietro Lazzeri, embaixador da Suíça no Brasil, destacou a importância do projeto para as relações entre os países e a promoção da democracia.
Ato simbólico pela democracia
Além da devolução das obras, o evento contornou um ato simbólico pela democracia, reunindo representantes dos Três Poderes. Durante o evento, alunos participantes de um projeto de Educação Patrimonial entregaram réplicas de obras restauradas ao presidente Lula, simbolizando a continuidade da memória e do cuidado com o patrimônio.
Lista de obras restauradas
Entre as peças devolvidas ao acervo da Presidência, destacam-se:
- Mulatas , de Emiliano Di Cavalcanti;
- O Flautista , escultura de Bruno Giorgi;
- Relógio de mesa, de Balthazar Martinot e André Boulle;
- Âfora italiana em cerâmica esmaltada ;
- Quadro Casarios , de Dario Mecatti;
- Quadro Cena de Café , de Clóvis Graciano.
A devolução das obras ao acervo reforça o compromisso com a preservação do patrimônio cultural e com a democracia. Ao recuperar e preservar esses símbolos, o Brasil reafirma sua história e resgata um importante elo com o passado, mirando um futuro de respeito e memória.