
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, tornando-o réu por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A decisão, anunciada nesta terça-feira (26), marca um capítulo inédito e significativo na história da democracia brasileira.
Além de Bolsonaro, outros sete ex-integrantes de seu governo, incluindo os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), também foram denunciados e responderão pelos mesmos crimes. A PGR sustenta que o grupo atuou de forma orquestrada para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, após o resultado das eleições de 2022.
As provas apresentadas incluem minutas golpistas, depoimentos de ex-aliados e documentos apreendidos durante investigações da Polícia Federal. Para os ministros do STF, o material é suficiente para justificar a abertura de uma ação penal contra o ex-presidente.
A pena combinada pelos crimes pode ultrapassar os 40 anos de prisão.
Em sua defesa, Bolsonaro alega ser vítima de perseguição política e afirma que a ação tem caráter eleitoreiro, visando inviabilizar sua participação no pleito de 2026. Seus advogados negam qualquer envolvimento em plano golpista e criticam o que chamam de “criminalização de atos políticos”.
No entanto, a decisão do STF demonstra o amadurecimento institucional do país. O indiciamento de um ex-chefe do Executivo por atentar contra o Estado Democrático de Direito é, além de simbólico, um alerta: a democracia brasileira, embora jovem, tem mecanismos de defesa contra retrocessos autoritários.
O episódio nos remete a reflexões históricas. Líderes carismáticos, que promovem discursos de divisão e desprezo pelas instituições, já surgiram em diferentes momentos e países. Em comum, todos exploraram o medo, a desinformação e a exaltação de sua figura como solução para os problemas nacionais. A história mostra que, sem vigilância e responsabilidade, a democracia pode ser corroída por dentro.
O caso Bolsonaro é um teste, não apenas para a Justiça, mas para a própria sociedade. É a chance de mostrar que o Brasil aprendeu com os erros do passado e que não está disposto a repetir capítulos sombrios. Apoios cegos, sem crítica, sempre foram o solo mais fértil para autoritarismos. Neste momento, o país tem a oportunidade de reafirmar seus valores constitucionais.